sexta-feira, 29 de junho de 2012

Próximo destino: Ilha de "Saramago"



Já está na agenda a visita à ilha que apaixonou Saramago. Lanzarote é conhecido pelo seu misto de paisagens tropicais e vulcânicas, com locais pouco exploradas pelo turismo. É esses  locais que vou procurar. Em breve darei noticias!

domingo, 10 de junho de 2012

Senegal - Um olhar diferente sobre o mundo

Dia 1 -
Friiiiooo... e quando estava mesmo a "entrar no sono profundo" já eram horas de acordar. 10h foi a hora estabelecida pelo nosso chefe de missão e pode até parecer uma hora tardia para quem veio para trabalhar e não para puro lazer. Assim que saímos das nossas tendas os primeiros curiosos tinham subido ao embondeiro do outto lado do muro para nos espreitar e eis que... "Bon jour" nasceu o primeiro bom dia no Senegal.
Uns mais "empenados" do que outros, fomo-nos juntando à volta da mesa por uma causa comum: o pequeno-almoço :) Todos juntos tomámos o primeiro dos nossos maravilhosos pequenos-almoços de fazer inveja a muitos Ritz!! Ok, estou a exagerar, mas nada estava em falta desde a fruta, doces, pão estaladiço com manteiga e claro, o belo cafezinho patrocinado pelo nosso solidário Hugo que tomou os comandos da máquina de café e passou no teste com distinção.
O programa tinha prevista a visita ao mercado de "Touba Toul" e desde logo a ideia de uma manhã no mercado se estampou nos nossos rostos com um sorriso cheio de vontade de partir à aventura, ou não fossemos nós "os aventureiros". Saímos no nosso autocarro e em poucos minutos estávamos no mercado, graças à "perícia" do nosso motorista com o acelerador. Pelo caminho, não vimos camionetas ou outros veículos motorizados, mas cruzámo-nos com várias carroças puxadas maioritariamente por simpáticos burritos cinzentos, um pouco mais pequenos do que os que estamos habituados a ver em Portugal, que por humanidade associámos ao "burro do Shrek". Mais tarde viríamos facilmente a trocar o nosso autocarro por estas carroças, sempre que possível e sem pestanejar.
Chegámos ao mercado, mas antes de nos embrenharmos no meio do povo senegalês, fomos visitar a casa de saúde que fica mesmo ao lado do mercado. Fomos afortunados com dois bebés que tinham nascido nessa madrugada. Lindos como todos os bebés, dormiam no colo das mães. A taxa de natalidade no Senegal é parcamente distante da nossa, pelo que nascimentos não são um acontecimento tão reduto como em Portugal. O Luis (nosso chefe de missão) explica-nos que é provável que vínhamos a ser chamados para ir ver um parto nas aldeias próximas durante a nossa estadia, pois dizem que dá sorte ter "bancos" a assistir.
Partimos finalmente para o mercado. Na primeira etapa visitamos 3 zonas: das cabras, da restauração e dos cavalos. O frenesim é estonteante e a multidão confunde-se com os cheiros e os sabores. Depois da primeira etapa é tempo da zona das frutas e legumes. É aqui que começamos a render-nos com tantos ingredientes novos. Encontro "fruta-cola" que se chama aqui "danka". Compro! Ao saco junto um chá que ajuda na fadiga e uma fruta estranha cujo sumo dá muita energia. Compramos também sementes, malaguetas e umas mandiocas fritas que são deliciosas! Está muito calor e começamos a ficar cansados. Ainda há tempo para comprar tecidos para o Assam (o costureiro) nos fazer roupas com padrões senegaleses, enquanto os homens não resistem e regressam à tenda dos machados.
Pensámos em fazer hoje um jantar português para os nossos novos amigos senegaleses e portanto há que comprar os ingredientes. O Hugo e o Luis vão com o chefe de missão comprar frangos/galinhas para o arroz de frango. Embrenham-se  no meio a multidão e saem de lá com um arroz de pato.
Voltamos cansados e esfomeados. Depois de alguns duches voltamos a reunir-nos à volta da mesa, desta vez para um arroz de galinha (ainda bem que o jantar vai ser arroz de pato!) e uma travessa de uma deliciosa cebola refogada. Comemos, falamos de lutas senegalesas (desporto nacional) e de como vamos participar no evento que ocorrerá a meio da semana. o Malic (responsável pela ONG que nos acolhe) acompanha-nos em todas as refeições e presenteia-nos com a sua sabedoria. Com uma vida cheia estampada no rosto, Malic é um homem de idade avançada que transmite serenidade e alegria no seu sorriso.
Quebramos depois do almoço e, uns por aqui e outros por ali, vamo-nos sentando e deitando pelos cantos, numa conversa de tarde que vê o tempo passar. Estamos em África! Tempo... é algo que tem dificuldade em encontrar definição neste continente e o Senegal não é exceção. Aguardamos até à hora da nossa "receção" para que fiquemos a conhecer a aldeia (e eles a nós) antes de iniciarmos o nosso trabalho: pintar e participar nos acabamentos (e que acabamentos!) do novo centro de costura que será inaugurado no final da semana.
A recepção é perto do centro de costura que por sua vez fica próximo do nosso acampamento, por isso vamos a pé. Começamos a ouvir os tambores... já estão à nossa espera. As 11 cadeirinhas em fila não deixam dúvidas, somos os convidados de honra e os lugares sentados são para nós. Fecha-se o círculo assim que chegamos e os tambores lançam-se num ritmo alucinante. Todos querem mostrar os seus dotes de dançarinos. Primeiro os meninos, depois as meninas e por fim as mulheres, uns depois dos outros entram e saem do nosso círculo sem tempo para cadência. Ficamos todos fascinados e orgulhosos por tudo aquilo ser para nós. Nós, as mulheres do grupo, juntamo-nos às senegalesas na dança e tentamos dar o nosso melhor que é muito pior do que qualquer um possa pensar. Divertimo-nos e fazemo-los rir com a nossa falta de jeito. No final fala-se do projeto, apresentam-se a apresentamo-nos. Saímos depois de mais algumas danças e pelo caminha passamos pelo centro de costura onde vamos iniciar trabalho amanhã. As crianças acompanham-nos no trajeto e gritam "portuguê! portuguê!". O nosso coração enche-se de emoção e é como se os abraçássemos a todos com o olhar.
Regressamos ao acampamento e começamos as lides do jantar. Afinal, hoje somos nós os cozinheiros! :) A noite cai e o tempo arrefece. Tiram-se as medidas para as fatiotas e acaba-se a noite com um belo jantar:
- canja de galinha
- arroz de pato
- salada de fruta
Ao jantar, o nosso chefe em conjunto com o nosso fabricante de ideias (o Hugo), congeminaram um forro para o telhado do centro de costura. Chamámos o Pape (sempre presente!), o construtor que fez o centro e que faz parte da família AMI no Senegal. Negociámos e avaliámos alternativas. Fechámos por um telhado forrado com canas e contribuímos entre todos para a ideia inovadora. Agora temos de descansar porque amanhã será o primeiro dia de trabalho e com tantas ideias, há muito para fazer.

Dia 2 – 7h tudo em pé para ir ao pão! O delicioso pão que comemos todas as manhãs é trazido todos os dias da vila, de carroça. Queremos ir todos na carrocinha, um pequeno estrado puxado por um macho que, coitado, nunca deve ter puxado tanta gente junta. Chegamos á conclusão que não podemos ir todos, mas ainda assim vamos subindo para a carroça até aguentar. No último passageiro a carroça desequilibra, o macho fica com as patas dianteiras no ar e “catrapum”! Caímos todos! Definitivamente temos de nos dividir. Recompomo-nos da risota e separamo-nos. Assim vivíamos a nossa primeira aventura de carroça J
Eu fiquei para a volta de amanhã, que acabou por ser a volta de todos os dias seguintes. Enquanto o resto do grupo não regressa, fazemos um reconhecimento em torno do muro que veda o nosso acampamento: a última construção de Refane a caminho de Touba Toul. É muito cedo e as crianças que normalmente estão a brincar pelo descampado ainda não chegaram. Há embondeiros nas traseiras e aproveitamos a luz da manhã para tirar algumas fotos. As crianças começam a chegar e recomeça a sessão fotográfica que só termina quando chega o pão. Uns a seguir aos outros, todos querem tirar fotos.
Depois de um delicioso pequeno-almoço, estamos prontos para trabalhar! Vamos de autocarro até ao centro de costura e iniciamos as pinturas. Quero aproveitar para referir que à exceção do Paulo, a bela pintura que fizemos e que fico pronta numa manhã (“1ª de mão”), se deve exclusivamente ao trabalho das mulheres da missão. Sob indicações de Antoine, o Guineense responsável pelas pinturas e acabamentos, pintámos todo o centro enquanto os homens foram (imaginem!) ás compras. Parece até que tínhamos os papéis trocados J Regressam depois de termos acabado e quando estamos já a ver como são tingidos os tecidos.
Os tecidos que chegam crus, recebem das mãos das senegalesas, cores variadas e bonitos efeitos. São de facto bastante bonitos e as cores fortes marcam o padrão quente do Senegal.
Os homens foram comprar o forro para o teto e regressaram com coloridas esteiras. Experimentamos algumas para ver o efeito e eis que começam a sair ideias da cartola do Hugo. E se puséssemos cortinas nas janelas e portas? Fomos buscar alguns dos tecidos que vimos tingir e ensaiamos posições e tiramos medidas. Encomendamos tudo ao “nosso alfaiate” que se compromete em ter tudo pronto antes da inauguração.
Hora do merecido banho e almoço! Chegamos ao acampamento e… não há água. Primeiro “banho de caneca” que me faz lembrar os languidos Verões no monte dos meus avós em que a água era tirada do poço a uma longa distância, a braços e por isso muito bem racionada.
O chefe Luis recebe uma chamada no final do almoço. Vamos assistir a um parto!!!! Levantamo-nos a correr, vamos rapidamente às tendas e metemo-nos todos no autocarro em 5min. O autocarro já está a trabalhar, falta só o chefe Luis. Até o Luis e o Hugo entraram a correr ainda com o Nespresso no mão. O chefe Luis entra finalmente. Estamos todos expectantes e com a adrenalina à flor da pele quando ele anuncia: “Bom, foi um bom exercício, levaram 5min a entrar todos para o autocarro. Feliz dias das Mentiras!” … Que gracinha … :/
Hoje é o dia de ir assistir às lutas Senegalesas e o Hugo prometeu ir lutar. É hora de cumprir com o prometido e como em qualquer luta, há que fazer um ritual de preparação. Estamos tão cansados que (quase) quebramos todos depois de almoço e só iniciamos os preparativos para a luta 30min antes de sairmos. A Lígia trouxe pinturas e portanto, entre “pinturas de guerra”, tatuagens autocolantes, fitas de tecido atadas aos braços e pernas e um poderoso “gri-gri” preparado pelo chefe Luis, preparamos o nosso lutador. Por “gri-gri” entende-se uma poção mágica! Neste caso, preparada com água quente (o fogo do lutador), detergente (a espuma da vida) e borras de café (o negro perder do adversário). Vão fugir com medo! J
O nosso lutador troca a T-shirt por uma saia senegalesa que as mulheres da nossa casa lhe emprestam e que ele cruza como uma capa. Não há carroça por isso o nosso agora “galdiador” sobre para o tejadilho do autocarro e atravessamos a vila sob o olhar e as gargalhadas dos senegaleses. Chegamos triunfantes ao recinto!
Pouco tempo depois os lutadores começam a apresentar-se, cada um com o seu grupo, com danças tribais que outrora serviam para intimidar os inimigos e agora foram integradas no desporto. Todos os combatentes trazem “apetrechos”: fitas, pinturas, ossos, penas, roupas exuberantemente coloridas, etc. Correm em torno do recinto lançando areia e o “gri-gri” sobre eles, ao mesmo tempo que soltam gritos de guerra num ritual intenso. O nosso gladiador também dá uma volta ao recinto sob os aplausos de todos. “Estamos” prontos para mostrar de que massa é feita a nossa equipa!
Os combates começam e alguns são bastante demorados. As regras são simples: perde aquele que primeiro tocar com o tronco no chão. Algumas das lutas são de facto empolgantes com todo o público em furor. Quando o favorito ganha, saltam aos gritos tal como num dos nossos jogos de futebol.
Começa a escurecer e o “nosso” combate já se faz no lusco-fusco. O nosso combatente tira fotos com o adversário, 2 palmos mais alto, esguio e forte, que sorri para a máquina. Não há que ter medo, o nosso gri-gri é poderoso! Vão ambos para o recinto e a luta começa, cada um com os seus “calções”, a rigor. Hugo faz-lhe cócegas. O público aproxima-se cada vez mais e aperta o círculo. Gritamos “Hugo! Hugo!” e passado alguns minutos atinge-se o auge: Hugo deita o adversário ao chão! Todos saem do círculo e aplaudem o nosso gladiador. É a estrela do combate!
Saímos gloriosos para o jantar, pela merecida vitória e pela mais do que coragem implícita. Ao chegarmos ao acampamento, aplausos das mulheres da casa. Temos estrela!! J Quando será o próximo combate?
Depois do jantar decidimos descer até ao centro da vila. Vamos a pé e levamos o Pape connosco para termos a certeza que conseguiremos regressar a casa. O nosso gladiador fica a descansar e nós embrenhamo-nos na escuridão. Vamos a conversar sobre, inevitavelmente, a família senegalesa, em que cada homem pode ter até 4 mulheres desde que tenha dinheiro para as sustentar. Cada cercado na aldeia corresponde a uma família. Estes cercados podem ser desde cana até tijolo, conforme as posses da família. Lá dentro um quarto para cada mulher. Elas partilham tudo, cozinham juntas e cuidam dos filhos em conjunto. O marido dorme alternadamente no quarto/cabana de cada uma. Curiosamente há divórcios e estes tanto acontecem por parte da mulher como do homem. Questionámos: se nascem quase tantos meninos quanto meninas e cada homem pode ter até 4 mulheres, não haverá homens sem mulheres? Pape também não sabe a resposta à charada mas garante que há mulheres para todos J Chegamos ao centro e entramos onde há luz. Primeiro o churrasqueiro que assa ainda algumas presas de carne. Convida-nos a entrar na única divisão que possui e que serve de sala com TV, quarto e ainda onde recebe alguns clientes para refeição. Está cheia de fumo! Não sei como consegue dormir ali com tanto fumo. Bem… todos conseguiríamos se não tivéssemos alternativa. Despedimo-nos e continuamos. Porta à frente um costureiro que ainda costura aquela hora bonitos vestidos. Mostra-nos o seu trabalho que é de facto muito bonito. Perguntamos o que faz ali aquela hora, não terá mulher? Será que encontrámos um senegalês sem mulher e a resposta à nossa questão? Começa por dizer que não tem mulher, mas acabo por nos mostrar no telemóvel a foto da sua bonita esposa. Despedimo-nos e entramos na porta seguinte. Numa só divisão, café e quarto, vindo da Gâmbia, um homem de rosto trabalhado pelo tempo oferece cafés e omeletes. Na mesa coloca os frascos de café e açúcar, os ovos brancos e um alguidar com batatas cozidas. Ao lado, o fogão arde para aquecer a água. Ficamos pelo café (cevada) que sai em minutos com uma espuma apetitosa. 3 cafés = 150 francos senegaleses.
Despedimo-nos satisfeitos e iniciamos o caminho de regresso. Embora fresca, a noite está fantástica e a caminhada catalisa a nossa vontade de trabalhar. Descansamos… Amanhã há muito para fazer!

Dia 3:
Chuva! Acordo com frio e com a chuva a bater na tenda. Lembro-me que deixei o carregador lá fora. Estará à chuva? Estou ainda demasiado inerte para me levantar. Faço fé para que esteja abrigado. Volto a adormecer e acordo como despertador da minha “roomie”, a Cláudia. São 7h e é o nosso dia de ir ao pão! Saio da tenda e o amanhecer nublado e frio promete mesmo assim um dia quente. Ás 7h30 estamos prontas para ir buscar o pão. Subimos para a carroça e lá vamos nós com o Pape e o nosso pequeno motorista de “Charret”. Descemos até ao centro da aldeia (será vila?) onde estivemos na noite anterior. Pelo meio do despertar da aldeia, a carroça segue de tal forma leve que quase desconfiamos que sabe o caminho de cor. O “supermercado” está cheio de clientes. Recolhemos o pão (maravilhoso, recordo!) e regressamos.
Depois do pequeno-almoço há que deitar mãos ao trabalho. Uma segunda de mão em todas as  paredes e o teto para forrar, são as tarefas do dia. A pintura fica completa e o teto quase pronto. Ainda tratamos das cortinas com o “nosso costureiro” Assam e pedimos para tingir mais um tecido para o laço que deverá apanhar a cortina na janela. Sim, o mundo é feito de pormenores, não vamos deixar esta obra ser exceção J Nascem mais ideias na mente do Hugo “E se decorássemos em redor da janela com uma pintura?” Ao almoço marinámos a ideia e decidimos que decoraríamos com motivos de costura. O Hugo faz o molde e acrescenta com paciência os nossos nomes e a data. Outra ideia, desta vez da Cláudia, uma frase alusiva ao Senegal. Desta vez não marinámos mas também não deixámos a ideia arrefecer, fechámos com a frase que é ensinada nas escolas Senegalesas logo desde os primeiros anos “Senegal, um povo, um objetivo, uma fé!”
Com tanto recorte e tanta ideia, já estamos atrasados para o teatro! Preparamo-nos e saímos. Começamos logo a ouvir a música assim que saímos à porta. Pelo caminho encontramos os músicos que estavam no mercado de Touba Toul. Eles vieram tocar para nós à noite, mas como chegaram mais cedo acompanham-nos até ao recinto. A festa já começou quando chegámos. As cadeiras são esvaziadas para nós e a música continua. No teatro e folclore as mulheres vestem-se de homens e simulam rituais usados pelos curandeiros quando os médicos não conseguem curar os “males”. Os ritmos são quentes e incessantes. Dançámos novamente e novamente regressámos exaustos.
A noite, depois do jantar, os músicos começaram a festa. As mulheres que estavam na cozinha juntaram-se a nós. Vieram crianças e mulheres que estavam na rua, todos fizemos uma festa. Nós com os nossos trajes, que o Assam conseguiu ter prontos atempadamente, desajeitados (uns muito menos que outros), eles com a mesma energia que tinham antes do início da tarde. A festa foi animada e culminou quando conseguimos todos juntos cantar o “Malhão” e o “Apita o comboio” entre outros… J  Não sei se já disse mas, estávamos quase exaustos J Enquanto isso, o nosso chefe Luis dormia pacificamente (doente)  na tenda ao lado. O que será que lhe puseram na comida?
                                                                                                       

quarta-feira, 7 de março de 2012

Próxima Paragem : Senegal



É verdade! Já há algum tempo que não saía aí pelo mundo fora. Desta vez a saída é muito especial. Uma semana com a AMI no Senegal vai certamente plantar bem fundo mais raízes em África. A expectativa está já nos pícaros mas não creio que saia minimamente defraudada.
Já sabem que vos conto tudo. Será uma semana de Páscoa com muitas amêndoas especiais!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

"Bocadillos" de España

Cantabria > Santander

 



Pais Basco > Guernica


 


Pais Basco > Costa

                         


Pais Basco > Bilbao



Sierra de Gredos > Laguna Grande e Pico Almanzor


Sim, já tinha estado em Gredos este mesmo ano por altura dos ovos da Páscoa para reconhecimento do local. Reconhecimento feito, ficou firmado o objectivo de regressar para alguns dos trek disponiveis nesta Sierra de Gredos. 
Os contemplados foram a "Laguna Grande" e "Pico Almanzor". Os felizes contemplados são todos aqueles que têm a sorte de vizitar este bonito "Circo de Gredos"



Laguna Grande

A "Laguna Grande" faz parte do "Circo de Gredos", um circo glaciar na zona central da Serra de Gredos, a mais importante de toda a cordilheira. A lagoa rejubila na zona mais baixa de todo o circo (1920m), também ela de origem glaciar. A bacia hidrográfica provém do rio Tormes, afluente do Douro.
A partir de Hoyos del Espino, onde existe uma plataforma com informações e mapas, basta seguir a estrada estacionar o carro á entrada do parque ou usar um dos muitos autocarros que fazem o trajecto. A partir daí, são 2h30m a 3h de caminhada pela serra (o acesso a carros está vedado e é de todo inviável) até á glamorosa lagoa.
Apesar de existir trilho, o piso é extremamente irregular. As subidas são longas e penosas, as descidas acauteladas, mas tudo isso é menor quando chegamos à lagoa e não há que pensar que existe todo um caminho de regresso pelo mesmo trilho (mais 2h30m de caminhada =).

Mesmo ao lado da lagoa existe um refúgio de montanha onde podes descansar e tomar uma refeição (almoço ou jantar) desde que previamente reservada, e onde existem casas de banho. A dormida é feita em "liteiras" que, para os que não conhecem, são beliches continuos, onde cada piso contem cerca de 6 lugares. Foi a minha primeira experiência em refúgio de montanha e foi aí que recuperei energias para o regresso no dia seguinte, depois de subir ao pico Almanzor...





Pico Almanzor

O Pico Almanzor é o ponto mais alto do Circo de Gredos a 2592m de altitude. Nada de mais pensamos e não seria de facto nada de mais se existisse um trilho como aquele que nos guia até à Laguna Grande... Pois bem, não existe trilho apenas um amontoado de rocha, do mais irregular possivel, e o objectivo é subir até lá a cima seja de gatas, de costas ou de barriga :) Na verdade foi um grande desafio e não tinha a menor ideia à partida da sua amplitude. A senhora do refugio estimou 3h para subir e 2h para descer que foram cumpridas à risca, chegando mesmo à hora em que a sopa do jantar estava a chegar à mesa.
Ao olhar para o alto o percurso parece desafiar-nos mas à medida que subimos, cruzando-nos apenas com algum montanheiro que desce, começamos a aperceber-nos que o pico nos está a lançar um desafio muito maior confirmado pelos comentários daqueles param para perguntar "Vais subir ao Almanzor? É preciso é calma e tranquilidade, muita tranquiliade!" Serão do Sporting? :)

Depois de chegar ao que resta do glaciar e descansar a vista naquele manto branco, a última etapa é a mais ingreme e penosa. Observo as cabras monteses que por ali saltitam de pedra em pedredulho como se andassem numa auto-estrada. Que inveja! Mas se elas conseguem subir eu também consigo, se os outros subiram eu também subo! E foi assim que não olhei para trás, não pensei que se falhasse um pé seria o fim de todas as histórias, nem pensei que cada passo para cima implicaria outro mais para baixo no regresso. Cheguei lá a cima e apenas me neguei (por medo confesso, porque não tinha qualquer protecção nem equipamento comigo) a dois ou três passos de escalada no abismo para tocar no pico mais alto (seriam certamente passos estupidamente básicos para qualquer profissional).
Ao descer, o sabor a vitória escondia a fome que já me roia no estômago.

sábado, 13 de agosto de 2011

8 dias = 4 paises

Dia 1 - Cheira a mofo! Assim que aterramos em Budapeste comecou a cheirar a mofo... desconfio que ha muito tempo nao aterravam aqui avioes :) A cidade estava a acordar. A medida que nos aproximavamos do centro a manha invadia o autocarro. Chegamos ao metro que 1800 e troca o passo mas que da um estilo "vintage" a cidade e combina com todas as cores que se respiram no seu exterior. Chegamos ao hostel ainda com todos a dormir (crei que acordamos alguns). Obviamente sem o quarto pronto, deixaram-nos dormitar no sofa do dormitorio onde todos os 6 hospedes dormim. Recuperamos o sono ate as 10h e saimos para desbravar caminho. As ruas, a Opera, as pessoas, os supermerdados, ... o saldo e extremamente positivos.
Ementa? Estamos em crise, o primeiro dia teve o patrocinio do McDonalds :)
Agora esta na hora de experimentar os primeiros banhos, querem vir? Depois conto-vos como foi!


 Dia 2 - Ai mas que belos banhos! Gostamos tanto ontem que hoje repetimos num local diferente e ainda mnelhor. Tanques gelados, 30graus, 33, 36 e 42 graus! Execelente. Ficava la toda a tarde, mas depois perdia as restantes belezas "hungarianas". Hoje fomos ao lado de Buda novamente e vasculhamos a Cidadella, a maravilhosa estatua da liberdade, a capela na gruta e como se nao tivessem bastado os degraus que subimos ate ao cimo da torre da igreja no coracao da cidade onde a vista repoe em vez de tirar a respiracao (sempre achei que as coisas bonitas nos dao folgo e nao tiram). Ainda tivemos tempo de visitar um mercado de artesanato e um outro de queijos e produtos regionais. Fantastico! E nao ha melhor sitio para acabar a noite do que na esplanada do McDonalds (eu disse-vos que era patrocinador:) onde conhecemos um Filandes que esta a viajar sozinho (nao consigo lembrar-me do embaranhado de letras que compoe o seu nome) e que arranjou um estranho couchsurfer num last minute couch call....pelo sim pelo nao ficou com o nosso contacto caso a parte do "ele parece ser um funny gay" se transforme em demasioado "funny"! Agora... descansar os ossinhos!


Dia 3 - Esqueco-me sempre que segunda-feira e um pessimo dia para o turista com 90% dos museus e outros locais de interesse fechados. Finalmente conseguimos ir ao mercado (esteve fechado durante todo o fim-de-semana) contudo ficou um bocadinho aquem da espectativa que tinhamos formulado. Ainda assim, o colorido dos legumes e das frutras, as mil e umas paprikas diferentes e o borburim dos Hungaros mistutarados com os turistas, nao deixa de nos atrair. Faltava ainda visitar a outra ponta de peste onde estao os outros banhos mais famosos que, perdoem-me os adeptos, parecem um aqua-show-land e aos quais passamos ao lado. Ficamos por uma bela limonada com maca e maracuja no lago junto ao museu a disfrutar a paisagem suave na tarde torrida. Por fim, a "ilha da Margarida" onde entre Buda e Peste nada se ouve do ruido da cidade. Excelente para descansar, mas ainda assim, nao mais do que um parque gigante, rodeado de agua, no meio de uma cidade. Amanha estaremos em Viena. 


Budapeste
Saldo: Bastante Positivo
A nao perder: Mercado e Citadella 
A nao perder de forma alguma: BANHOS Termais!

 









Dia 4 - Afinal e de familia! Acordamos cedinho para apanhar o comboio a tempo mas... na hora de Portugal =) Depressa! Depressa! La nos despachamos, arrumamos o resto e saimos a correr. Um taxista queria levar-nos mais do que tinhamos pelo trajecto ate ao terminal.. "Kosonom" e seguimos a pe. Estafados, a meio caminho carregados com as mochilas, tentamos novamente a sorte, o preco reduziu e la fomos ate a estacao. A viagem foi raüida, antes da hora de almoco ja estavamos em Viena. Durante todo o caminho o comboio "grunhia" literalmente. levariam algum porco preso no "tejadilho"? =)

Almocamos e fomos explorar a cidade. Inicialmente muito confusa mas ha medida que nos aventuravamos em ruas que nao encontravamos no mapa, descobrimos que afinal era facil e numa tarde conseguimos explorar os principais pontos. Catedral, palacios, parlamento, pracas, etc. Deixamos os museus para o dia seguinte (apenas vimos o museu de Hundertwasser) Cansados, mas com a bagagem cada vey mais cheia! Lamentavelmente tambem em Viena a Opera esta fechada para ferias de Verao ... teremos de voltar em outra altura do ano.

Dia 5 - Museus! Literalmente uma tarde passada nos museus. Klimt nao podia ficar em branco na visita e com eles aproveitamos para conhecer outros famosos austriacos. Para alem da tarde cultural e da Ottakringer na esplanada do museu do "Sr. Leopoldo" ainda houve tempo para rumar ate ao outro lado do rio e passear pelo relvado ao final da tarde. Para acabar o dia em tom de despedida a Viena, nada como ouvir um belo violino, no meio da praca Micheline. Mais um dia com patrocinio do McDonalds =)
Viena
Saldo: Muito Positivo
A nao perder: Museus Quartier 21
A nao perder de forma alguma: Espectaculos de musica classica ao ar livre



Dia 6 - Em pouco mais de uma hora estavamos em Bratislava. A viagem è rapida e confortavel e sem darmos por isso ja estamos em outro pais. Bratislava é tao pequenina que a meio da tarde já tinhamos tudo visto. Muitas igrejas mais umam vez, mas com a  particularidade de que só em algumas (poucas) podes entrar. o chamadpo acesso vedado á casa de Deus mas, nao se iludam porque podem sempre deixar um donativo, existe uma abertura exterior na porta para o efeito!! 


A torre no centro da cidade tem uma bela exposicao com armas e material de infantaria. A nao perder tambem o castelo, exclusivamente pela paisagem e o museu do teatro (escondidinho). É muito facil andar na cidade, quase nao desdobramos e nao pedimos informacoes até porque, no posto de informacoes, um pedido de informacoes custa 1,60EUR.. (no coment!) Depois de muito andar encontramos uma "vintage second hand store" onde nos perdemos em cabides e sapatos. Sei bem quem se perderia aqui também. Acabamos por encontrar uns "souveniers" originais para nos continuarmos a lembrar de Bratislava.
Bratislava
Saldo:Positivo
A nao perder: Centro historico da cidade



Dia 7 - O dia todo em viagem.... que seca! Chegamos à nossa Barcelona ja depois das 18h. Já tinhamos saudades =)  (estivemos por ca no Verao passado para explorar a cidade) Amanha Monserrat sera nosso!


Dia 8 - Partimos cedinho e ainda assim so chegamos a Monserrat perto da hora de almoco. È dificil escolher a rota (sao tantas) mas la nos decidimos por Sant Jeroni (1h 10m) depois de aconchegarmos o estomago com umas sandes maravilhosas que haviamos comprado no dia anterior no supermercado. Estava muito calor como de resto esta sempre na Cataluna, em especial em Agosto (nao ha milagres apesar de estarmos perto do mosteiro). 1h depois, a escorrer em suor, chegamos ao ponto alto de San Jeroni com uma vista soberba por toda a serra. Os ultimos degraus custaram bastante, mas pensar que "é já ali" nao nos deixa desistir. Valeu a pena virmos a Monserrat. Agora, regresso e descanso! Amanha regressaremos a Portugal.